segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Da janela do meu quarto





São exatamente 6:30 da manhã. E lá está ela novamente com seu fone no ouvido,
livro na mão e a famosa xícara de café ao lado (na verdade ela sempre esteve 
ali... eu que nunca havia percebido). A visão da janela do meu quarto é perfeita. 
Se tornou um costume meu admirar aquela cena. Rotina-das-minhas-manhãs.

Mas, como toda história tem um começo, aqui vai: tudo começou em um dos piores
dias já vividos por mim. Senão, o pior. Andava de um lado pra outro na busca incessante de encontrar algo que ocupasse a minha mente, algo que levasse pra longe aquelas imagens e palavras tortuosas que insistiam em permanecer... Tudo em vão. O relógio, então, passou a ser o meu companheiro fiel. Que belo companheiro eu arranjei... ao invés de ajudar, só atrapalhava. Desejava tanto que cada segundo, minuto, hora, passasse rápido... Mas o meu companheiro passou de fiel a traidor. A noite chegou e o tempo insistia em ser devagar. Resumindo: meus olhos não fechavam e nem meus pensamentos repousavam. Rolava de um lado para outro entre os lençóis da cama.

Amanheceu. E milagrosamente lá estava eu às 6:25 com os olhos "vidrados" no teto do meu quarto (geralmente nesse horário meu "repouso" era constante). De repente, como uma vontade que surge subitamente, me deparo abrindo a janela do meu quarto e um "clarão" invade aquele lugar escuro e me aquece, tomando conta de todo meu corpo. Fechei os olhos e comecei a sentir mais leve a "carga" que trazia nas costas. Uma sensação inexplicável até aquele momento.

E no abrir dos meus olhos, lá estava ela. Era exatamente 6:30 da manhã. Ela, seu fone de ouvido, uma xícara de café e um livro (bem volumoso, por sinal). Mas o que mais impressionava era o prazer com que ela lia cada página daquele livro misterioso, a alegria e o valor que ela dava naquele momento, naquela rotina-de-todo-dia. Aquela situação começou a provocar curiosidades em mim. Me senti instigada a querer entender aquela mulher e o que de tão importante ela lia naquele tal livro. Foi então que decidi ir até ela. 

A primeira reação foi de espanto (minha). Ela me recebeu de uma forma tão calorosa, tão humana... mesmo não me conhecendo. Comecei a me perguntar: "Como pode? Como alguém que não conhece outrem pode transmitir tanto amor e cuidado?". Aquilo me incomodava porque durante a minha vida toda, ninguém nunca havia me tratado assim. Nem os próprios que se diziam meus amigos. E ela, mesmo sem saber do que se passava aqui dentro, mesmo sem me conhecer, me recebeu de braços abertos. Foi então que ela disse: "Sei que perguntas pairam na sua cabeça. Sei que durante esses últimos dias você anda me observando".

É. ela tinha razão. Aproveitei e apontei em direção ao livro que ela segurava no colo. Ela então disse: "Esse aqui é o segredo da minha alegria. Ele que preenche os vazios da minha alma. Que me traz paz. Um livro chamado Bíblia". Fiquei estagnada. Aproveitei e fiz uma pergunta: "Mas por que aqui? Por que esse lugar? Por que todos os dias às 6:30?" Ela então disse: "Não sei dizer ao certo o porque desse lugar e o porque do horário... eu simplesmente venho!
Existem coisas que fogem ao entendimento humano".

Desde esse dia a minha vida nunca mais foi a mesma. Aquela tristeza que assolava a minha alma nunca mais se fez presente. Aprendi com aquela mulher a valorizar pequenas coisas. Principalmente a apreciar aquele livro volumoso chamado Bíblia.


(Flávia)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Saudade boa de ter



Quando éramos criança pensávamos como tal. Tudo era mágico. 
Um mundo de fantasias, de fatos inesquecíveis, de histórias "mirabolantes" 
onde os personagens do elenco eram de nossa própria autoria. 
Lembro como se fosse hoje da minha primeira queda de bicicleta 
(até hoje trago lembranças no corpo), do meu primeiro aniversário
(nesse caso, as fotos deram uma "ajudinha"), das vezes que mamãe dizia:
"Não faz isso!" e eu fazia só pra ver qual seria o resultado 
(na verdade, eu sempre fui assim: insistente e teimosa), do meu primeiro
beijo ("prefiro não comentar"), meu primeiro amor... Enfim, amo retrospectiva
de vida. Principalmente da minha.

Certa vez um amigo me disse que se pudesse voltar no tempo
voltaria e faria tudo de novo. É, eu também. Com a diferença de que faria 
tudo que não deu tempo de fazer.

Tenho saudades...
Saudade da minha infância. Saudade da minha adolescência. 
Saudade dos momentos vividos intensamente ao lado de pessoas que
marcaram a minha vida (amigos). Saudade de quem mora longe...

São tempos que voltam... somente nas lembranças. Ficam compenetradas em um
subconsciente que insiste (e isso é bom) em permanecer intacto.

Isso é saudade. Palavra de origem brasileira. Que arde no peito. Que toca
na alma. Que faz os neurônios e os neurotransmissores trabalharem 
incansavelmente na busca de informação. É uma saudade boa de ter.

(Flávia)


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dos sonhos que tive



É. Foi um sonho! Um não, vários. 
O engraçado é que em cada um deles você se fez presente.
Alguns mesmo eu não querendo, mesmo não desejando. 
Outros desejáveis, harmoniosos, transmitiam paz...

Sabe quando sonhos parecem tão reais que quando você acorda
tem a sensação que acabou de sair de um filme de ação em 3D?
Pois é, desse "jeitinho" mesmo. Adrenalina nas veias.

De todos os sonhos marcantes que eu tive (foram poucos, confesso!),
os que eu tive com você ficaram cravados na mente, no peito, na alma... 
principalmente aquele em que o "felizes para sempre" era rotineiro.
Foi o mais lindo de todos. Foram promessas, juras, planos...
Era como a música do Jota Quest - palavras de um futuro bom.

Mas, infelizmente ou felizmente, é como muitos dizem 
(principalmente aqueles que pelos acasos da vida 
se decepcionaram de alguma forma): "Sonhos são só sonhos"
Ultrapassam um caminho longo até se tornarem realidade.
Felizes são os que se mantém fortes, acreditando que o impossível só existe
pra quem não sabe aonde quer chegar.

Hoje sei que dos sonhos que tive todos foram realidade até aonde deu pra sonhar.


(Flávia)