quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Máquina do pensamento



“ Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom quer seja ruim” Ec 12:14

Já pensou se, assim de repente, o homem inventasse uma máquina capaz de ler o pensamento? Fico imaginando como seria a nossa reação diante de tal máquina, quanto poder uma pessoa não teria sobre as outras com este maquinário em mãos. A corrida para obter o domínio total desta nova invenção seria intensa, pois um novo comércio emergente e promissor renderia bastante lucro aos donos desta poderosa ferramenta.
Logo, logo alguém seria chantageado para que seus pensamentos não fossem expostos nos famosos sites de redes sociais como twitter, facebook, Orkut e tantos outros mais. Os novos aparelhos de celular e notebook já teriam embutido um software que converteria o pensamento em dados binários.
         Os políticos rapidamente encontrariam uma forma de se apoderar do novo dispositivo e o aplicaria nas suas manipulações demagógicas e arrebanhariam, então para si, as massas mais desfavorecidas. Os discursos rapidamente seriam readaptado no que, literalmente, pensavam seus ouvintes.
         Vendedores, arquitetos, desenvolvedores de softwares e web sites, engenheiros e uma gama de outros profissionais teriam a possibilidade de, em apenas um único encontro, vender seus produtos e ver a satisfação estampada nos sorrisos de seus clientes. Os senhores do Direito teriam uma grande lucratividade, haja vista que cada vez mais a privacidade deixaria de existir e as enxurradas de processos aumentariam numa proporção geométrica. Os julgamentos poderiam ganhar até mais agilidade, pois em apenas uma audiência se conheceriam os verdadeiros fatos.
         Contudo, haveria uma classe que se beneficiaria muito e evitaria tantos constrangimentos e problemas relacionais. A eterna batalha entre professor versus aluno finalmente poderiam entrar em acordo, em um senso comum. O que falar então das mulheres, essas perfeitas criaturas de Deus? Imagine como seria bem menos doloroso saber quem é e quais as reais intenções de seus pretendentes. Evitariam tantas lágrimas e corações partidos.
         Enfim, dentre tantas outras revoluções que esta poderosa máquina causaria, a maior delas seria, sem sombra de dúvidas, o fato de que todos nós seríamos reféns um dos outros. Os lobos escondidos sob a pele de cordeiros estariam expostos; os medos, frustrações e “pensamentos proibidos” seriam manchetes de jornais.
         Seríamos ao mesmo tempo vítimas e acusadores, vigilantes e vigiados, carcereiros e encarcerados daquilo que outrora era abstrato, mas agora concreto. Exatamente o que nos dava a idéia de sermos ímpares, devido à inatingibilidade, se tornaria a principal arma contra nossa própria espécie: o pensamento.
         Portanto, somente um tem o poder de compreender toda a complexidade e abstração que envolve o pensamento de cada ser humano e ainda assim isentar-se de preconceitos e acusações. Sim, este poder pertence somente a Deus, pois mesmo que o homem pudesse desenvolver esta máquina jamais poderia compreender as entrelinhas existentes em cada pensamento. Não teria a capacidade de unir o ponto de partida ao ponto final, uma vez que estaria alterando o curso de sua própria história. Exclusivamente Ele, por ser o início e o fim, o Soberano e Todo-Poderoso tem o poder de distinguir o que realmente está encoberto, quer seja bom quer seja ruim.

Por Jairo Nascimento

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A canção e O momento



Final de tarde sempre nos incita a revirar antiguidades históricas do baú. Pra ajudar ainda tem aquele programinha de rádio com baladinhas de amor inabaláveis que o vizinho sempre coloca às 17:00 horas. Esse vizinho... São canções do Paul, Scorpions, The fevers, Roberto... Essas são do tempo da minha mãe, é verdade. Mas tenho que agradecê-la por ter me feito ouvi-las desde pequena. Obrigada, Mãe! Mas tem também as do Jason, Roupa Nova, Calcanhoto, Caetano... Enfim, diversas... que marcam fases e momentos de nossas vidas. Alegres e tristes.

De todas as canções, uma marcou pra sempre. De todos os momentos, um foi mais que especial. A música era "Forever by your side - Manhattans". O momento: quando te conheci, quando te vi pela primeira vez. Tudo de repente. Nada programado. Era um fim de tarde de novembro. Troquei a programação de rádio do meu vizinho por um lindo por-do-sol na praia. Sentei perto do mar pra admirar aquela linda paisagem e  respirar a paz que aquele lugar transmitia. Tudo era favorável. Sem contar no programa de rádio do meu vizinho que até ali me perseguia... não sei de onde evocava aquele som... mas lembrei do meu vizinho!

Do nada, você surgiu. Sozinho. Que nem eu. Sentou-se à beira do mar há alguns metros de distância. Agora, éramos os dois vislumbrando o horizonte. E de algum lugar começou a tocar: "Forever by your side". E num estalar de dedos, sorrisos surgiram. Houve uma respiração profunda. E um sorriso tímido. De ambas as partes. E assim, olhares se fintaram. Momento perfeito. Propício. Mas nada aconteceu. Faltava uma coisa: proximidade. E ficou faltando.

Só me restaram o teu sorriso e teu olhar. Inesquecíveis. Tenho ido com frequência naquele lugar, sempre na mesma hora. Ouvindo sempre a mesma canção. Na tentativa de um segundo encontro. Uma hora eu sei que você aparece. Eu sei...

Não demora...


(Flávia)