quinta-feira, 3 de março de 2011

Depois do fim



Ela amava ele. Ele amava ela. Era o que eles declaravam. Era o que transparecia. Era um amor nítido na forma em que se olhavam, que se tocavam, que falavam um do outro. Quem conhecia os dois só falava uma coisa: casal perfeito. Todos ansiavam em ter a mesma sorte que eles: o príncipe e a mulher dos sonhos.

Os dois juntos eram ricos em detalhes/qualidades. Ele admirava a forma como ela colocava a franja por detrás da orelha, era fã da covinha que aparecia no canto dos lábios a cada sorriso brilhante que ela dava, amava o jeito ‘todo educadinho’ com que ela se portava... Ela era louca pelo abraço dele, pelo jeito como coçava a barba mal feita, adorava quando ele dava uma de cavalheiro e abria a porta do carro pra ela entrar...

Aí, você deve tá se perguntando: “Nossa... e os defeitos?”

Bom, brigas eles tinham... como qualquer casal ‘normal’.  De uns tempos pra cá até rotineiras... Implicavam um com o outro por qualquer bobagem. Ela dizia que ele já não era mais o mesmo. Ele idem. Ele dizia que ela implicava muito com seus amigos. Ela resmungava. Ela cobrava atenção. Ele achava que dava... Quando isso tudo surgiu? Como? Bem, vai ver que foi o lance da rotina. Destruidora de lares. Que desgastou a magia, o amor, o relacionamento dos dois...

 E desgastou mesmo! O fim tão negado, mas já esperado pelos dois chegou. O chão faltou. Ela perdeu rapidamente diversos números em seu manequim, se isolou do mundo... Los Hermanos, John Kip, Cássia Eller, Djavan e Michael Bublé passaram a ser a trilha sonora de todos os seus dias. Em meio às lágrimas e soluços, sempre pegava o celular e discava o número gravado em sua mente há tanto tempo... Discava, discava, discava... até que um dia ligou. Ele? Rejeitou ela com todo um discurso pré-pronto de que não via mais como eles darem certo e blá, blá, blá... Jogava a culpa nela o tempo todo. Que foi ela que quis pôr um fim em tudo. Ele poderia até está sofrendo, mas fazia questão de não demonstrar. Era a tal da autodefesa.

Homens adoram que sofram por eles. Ainda mais quando têm a plena certeza de que lágrimas estão sendo derramadas pela sua ausência.

Agora ficam perguntas: como pode um relacionamento tão lindo ter um fim tão drástico? Por que o ‘depois do fim’ de relacionamentos sempre é assim: um com mágoa e rancor do outro? Tudo bem chegou ao fim... mas e tudo que viveram juntos não valeu de nada? A amizade não conta?


(Flávia)